Atenção! Esta obra é do selo Eros Mórbia e pode conter cenas sexuais explícitas e linguagem sexual.

Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula

O arvoredo de carvalhos era rodeado por árvores altas e robustas que se aglomeravam em formato circular, um pequeno riacho se estendia, brilhante; quando a brisa vespertina tocava as águas cristalinas se assemelhava à prata. Pedras e galhos se espalhavam pela grama verde e caliginosa. Sob o lado esquerdo do riacho, um grande carvalho antigo exibia seus galhos robustos e vibrantes ao vento, sua casca era envelhecida, mostrando sua imponência em comparação aos outros.

Ali, era o santuário das jovens dríades amantes da natureza. Beladona, em especial, costumava visitar o carvalho antigo e sentar-se por longos períodos para observar o pôr do sol e o fim da tarde. Um dia, ao fim de uma tarde gélida, ela se recostou com languidez sobre o carvalho, com delicadeza, tocou a grama entre as raízes, enquanto observava a esfera solar descendo no horizonte. Seus olhos cor de mel estavam fixos no céu enquanto as folhas presas em seus cabelos dançavam junto aos fios de cobre cacheados.

Ela suspirou pesadamente, pensando se encontraria novamente aquela que seu coração tanto almejava encontrar. Quando estava perdida em seus pensamentos, uma doce e ébria voz alcançou seus ouvidos. Era ela — a dríade de cabelos brancos e olhos dourados como a esfera solar. As duas se entreolharam e um sorriso íntimo surgiu no rosto de Beladona. A outra estava de pé, aproximando-se dela, demonstrando uma expressão ávida e contente, mesmo com o olhar melancólico e usual que ela tinha, era como uma deusa da floresta em seu caminhar tranquilo, banhada pela luz amarela do entardecer.

Beladona convidou-a para se sentar ao seu lado, o que ela aceitou alegremente, mexendo nos cabelos brancos, bem perto do ouvido dela a jovem disse, sussurrando, que sentira saudade. Beladona respondeu sorrindo, dizendo que também tinha sentido falta dela e pronunciou seu nome baixinho: Astrid. O sol finalmente se pôs, deixando o ambiente acinzentado para trás, com um último lampejo avermelhado entre as nuvens. Diante da leve escuridão que se instaurou no arvoredo, aos poucos as duas se entrelaçaram. Beladona acariciou os cabelos brancos da outra com os dedos, elas se aproximaram ainda mais, selando um beijo apaixonado. A dríade de pele escura e cabelos brancos avançou aos poucos, os beijos cada vez mais intensos e apaixonados.

A respiração de Beladona estava acelerada sentindo o toque dela quando suas mãos desceram aos poucos pelo seu corpo, tocando carinhosamente seus seios e descendo cada vez mais as carícias, vagarosamente mudou de posição aproximando a boca do pescoço dela permitindo que a língua roçasse em sua pele causando-lhe um arrepio vibrante.

Com os lábios trêmulos e as pernas entrelaçadas entre as raízes sagradas, Beladona sentiu a boca da amante descer por seu colo com devoção. Havia entrega, mas também reverência. A língua dela desenhava trilhas lentas e úmidas sobre a pele, descendo lentamente até o ventre — naquele ponto já desnudo — de Beladona, e a brisa noturna entrava no corpo das duas, causando uma breve sensação de frio ao toque que se desmanchava a cada movimento ardente entre elas.

Recostada ao tronco, Beladona envolveu o pescoço de Astrid com os braços, entrelaçando as pernas ao redor de sua cintura com leveza. Seus corpos se uniram como se florescessem juntas acima de uma flor de lótus. Astrid, com a lentidão de um rito antigo, ergueu o fino vestido de Beladona — cor de folhas secas ao fim do outono, deslizando o tecido por sua coxa exposta. Ao toque, Beladona arfou, um suspiro úmido escapando por entre os lábios entreabertos. As duas se beijaram com doçura faminta, línguas se tocando como se reconhecessem o caminho de cada íntimo desejo.

Os dedos quentes e reverentes de Astrid adentraram os véus de tecido, ultrapassando o limite entre o desejo contido e a entrega. Por dentro dos vestidos, os toques se tornaram mais intensos, mais profundos, e os gemidos, entrecortados e sôfregos, ecoaram entre os galhos. Era amor, era fome, era devoção. Na fusão de suas respirações, os dedos de ambas encontraram o âmago uma da outra. Ali, sob a sombra das árvores e o brilho distante da lua cheia que nascia no céu, o desejo tomou forma e o tempo se dissolveu.

Tomada pelo êxtase, Beladona segurou o corpo de Astrid com ternura firme, erguendo os braços dela com um sorriso cínico. Removeu-lhe o vestido com reverência e, em seguida, despiu-se por completo, libertando a pele de suas amarras de tecido.

Despida, deitou Astrid suavemente sobre a grama fria, sentindo o contraste entre o frescor do chão e o ardor que irradiava de seus corpos. Ajoelhada entre as pernas de Astrid, Beladona inclinou-se com desejo, sua boca descendo com lentidão até encontrar o centro úmido de prazer da amante. Com os joelhos de Astrid apoiados em seus ombros, ela iniciou um movimento delicado e rítmico com a língua, traçando círculos, sentindo em sua boca um sabor semelhante ao que o vinho seco deixa na boca após descer pela garganta.

Os gemidos de Astrid ecoaram entre as copas altas, entrecortados, sôfregos e encantados. Beladona se deliciava com o som e o sabor — era como provar o orvalho que nasce nas folhas ao sereno. Cada reação da outra fazia seu próprio corpo tremer, e o prazer que brotava entre elas parecia impactar também o solo, as árvores e a noite.

Quando os corpos enfim cessaram seus movimentos febris, restaram apenas os sussurros, abafados pela brisa e o som do riacho correndo ao lado. As duas permaneceram despidas, unidas ainda pelo calor, pele com pele, desfrutando da companhia carinhosa e amorosa uma da outra.

Beladona repousou a cabeça sobre o peito de Astrid, ouvindo o coração da amada pulsar em ritmo lento. Os dedos de Astrid se enredavam nos cachos ruivos de Beladona ainda úmidos de suor, enquanto suas bocas não diziam mais nada, não havia mais palavras, apenas silêncio e pertencimento.

Acima delas, o céu se abria em tons profundos, salpicado de estrelas. A lua cheia, já alta, lançava um reflexo pálido e prateado sobre as águas do riacho. As duas dríades contemplaram a cena em quietude, como se o mundo houvesse parado por um instante apenas para que existisse aquele amor. E ali, sob a proteção dos carvalhos e da noite, seus corpos entrelaçados repousaram até o amanhecer.


Escrito por:
Júlia Trevas

Júlia Graziela Pereira Trevas é uma escritora de 29 anos, natural de Campina Grande, Paraíba. Formada em Letras - Inglês pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), também atua como professora de inglês. Sua paixão pela escrita começou ainda na pré-adolescência, quando compunha pequenos versos. Mais tarde, ao ingressar na faculdade, aprofundou-se na literatura gótica, que hoje é uma de suas principais influências criativas. Uma curiosidade interessante é que... » leia mais
17ª Edição: Dívanno - Revista Castelo Drácula
Esta obra foi publicada e registrada na 17ª Edição da Revista Castelo Drácula, datada de junho de 2025. Registrada na Câmara Brasileira do Livro, pela Editora Castelo Drácula. © Todos os direitos reservados. » Visite a Edição completa.

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