Vazio

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula
Foi-se um baile há muitas conjunturas
Que ainda ressoam lúgubres histórias
Muita gente, muitas memórias
De amores, sonhos tolos, vãs loucuras
Risos de chamas e cabelos negros
Olhos serpenteiam, riscos nos lábios
Ninguém se conhece, nem os larápios
Beijos furtados de vinho... Byron... gregos
Resta um baile de máscaras sombrio
Visitantes... então o salão vazio
Apenas fantasmas que ainda rondam
Bebendo de gota em gota se esgota
Presente, passado e futuro findam
Velando ao anfitrião da vida morta.
Texto publicado na Edição 12 da Revista Castelo Drácula. Datado de janeiro de 2025. → Ler edição completa
Tiago Serigy é amante de filmes, pinturas e desenhos, músicas, além das letras, tem escrito sonetos (mais de 100), prosa poética e versos livres ao longo de mais de uma década, também tem um compilado de contos eróticos e crônicas. Uma fonte que jorra palavras para reinterpretar a brevidade da vida na tentativa de “não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinita enquanto dure”. É uma pessoa dedicada a leitura desde a infância, influenciado por…
Leia mais em “Poesias”:
Circunda-me gris noite, estou tão só… | Por vezes dói, minh’alma s’esvazia | E lembro hei de tornar-me reles pó | Da vida cuja bruma é primazia…
“Pois bem antes do verbo, houve o grito. | E bem antes do céu, houve a carne. | E bem antes do amor, houve o medo. | E o medo moldou os deuses.”…
Os ossos doem, | Gélidos. | O último abraço | Arrancou-me a pele. | A carne, | Outrora viva, | Longe do corpo | Apodrece…
Engendra a substância de tua bela voz, | Lendo teu poema épico da batalha, | Donde os Titãs, jogados na fornalha | Do poder divino. Oh! Força algoz!…
Na antiga Mesopotâmia, o caos foi teu primor, | Geraste o céu, a terra e os dragões, | Em águas profundas pulsava teu fulgor, | Semente eterna de revoluções…
Belos são teus olhos sem vida, | tua pele, teus lábios e tuas maçãs do rosto. | Belo é o sangue que escorre lento | por essa carne que tanto amo…
Ó! Santo és Tu, luz de puro amor | Bendito sejas! Almo e grã mentor | Acima da ignorância que atormenta; | Envolve-me em esmero e me orienta…
Era o cão que latia, | a Lua enegrecida que reinava… | A fuligem de fogueira sacra a subir, | Enodia atravessando o bosque na madrugada, | fria, atenta, armada,…
Assim fragmentar-me e à tez sentir, | Aroma, calidez, silêncio a sós… | Desvelo uma clareira do existir | Às cordas d’este tempo em rijos nós…
Enquanto no convés observava | Revolto o mar estranho parecia, | A negra tempestade se agravava, | Um som horripilante s’espargia…
Eu não fui, desde a tenra e pura infância | Tal como eram todos — nem ganância | Tive símil — sequer vi como viam — | E as paixões que estimei não podiam…
Nas horas nebulosas, de enfadonhos | Momentos, a tristura estando alta, | Tristonhos ficam mais os pensamentos | Que tenho, ao lembrar que dei as costas…
Nas grotas d’uma lôbrega passagem, | A balça gris e sôfrega, que à vista, | Ornava em medo fúnebre a viagem | Aos versos d’um plangente sonurista;…
Já houve dias de calmaria, dias de tempestade. Já houve uma época que eu nem navegava. Por que raios fui me enfiar neste mar?…
De modo sensível e vago | Protejo em meu peito, dorido, | Um lírio tão pulcro e um lago | Com águas de morte, contido, | Ao lado de incerto amargor…
Nas auroras d’outros tempos santos | Ó, meu fado! Amei, amei por tantos | Tão sombrio recôndito n’este mundo; | Era belo e habitava em solidão,…
Um beijo sepulcral na testa dada ao frio | Mais descoberta que a vida fora dos rumores | Um beijo traz imagens das carícias e das dores | Da vida gélida de um alguém sem brio…
No frígido oceano, um coração | Umbroso e azúleo, em trevas olvidado; | Safira de saudade e vastidão, | Cristais salinos, mágoas… insondado…
Como uma ninfa aos céus desobediente, | lançada às sombras frias e penitentes, | a Solidão, um véu de névoa ardente, | mora em um abismo, muda e reticente…
O Sol, um ponto pálido no céu | Azúleo-gris, opaco e tão brumoso; | Pinheiros, névoa negra como um véu… | N’orvalho d’um dilúculo moroso;…
Crê em mim, filho da vergonha | Crê em mim, sou o senhor do inferno | Sombrio e distante como útero materno | São os tempos loucos e ninguém mais sonha…
Saudosa alma silente e melancólica, | Efêmeros ocasos: meu langor… | No onírico resido e quão simbólica | A vida é n’esta gênese do alvor…
Nas águas turbulentas do pensamento eu me abraço, | Recebendo do inconsciente memórias do passado. | Observo o sol ao longe pousando no horizonte…
Corria o sangue feito rio, | Manchado pela ferrugem de um machado amolado. | Era uma dançarina, uma dionisíaca, | Uma sacerdotisa…
Repartir as flores, espanar o mármore… | adornar aquele nome, | ofuscado na poeira. | Dar, ao ontem, um regalo…
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Mais uma foto que meu peito agita… | E tudo o que fazia, agora, estanco. | Imagemxuberante, tão bonita… | De cores vivas (mesmo em preto e branco)…
É o medo de nadar no lago, | e afundar no raso, | e morrer sem ar. | É o medo de inundar o peito, de fôlego e de amor, | E findar no nada, | e, no oco do inferno…
Coragem, amor, | pois a vida é ligeira em inundar o que vem vazio. | Cobre-te de ouro e falsa seda, | protege-te do espinho e perderá, também…
A chama comia papel — desordenada, a mando maior —, | Rasgaram livro na praça, | Devoraram à mocidade, também…
Que fosses ente e crer-te eu sempre iria | No alvor rogar-te em puro amor vestal | Que fosses a Verdade, eu saberia | Honrar-te os mandamentos contra o mal;…