Rotineiro

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula
Condenados aos trilhos de ferro, com olhares cansados,
Cabelos bagunçados
Dentre almas sem esperança
Viajando em enganoso momento de bonança.
Entorpecedor sono que amortece os sentidos
Desejos que se tornam, então, omitidos
Amor que neste chão jaz sepultado
Como produto do próprio resultado
Paixões que nascem e morrem a cada nascer da luz
Aos mais jovens corações seduz
A troca de olhares breves, omissos
Toque que, aqui, se faça inciso
Telas luminosas que entretêm o sentido.
Desprezo, em suma, contido.
Barras frias, corpos amontoados,
A caminho daquilo que foram condenados.
Leonardo Garbossa nasceu em São Paulo, em 1995. Desde jovem é um leitor apaixonado e grande fã das obras romancistas. Sentimentalista por natureza, iniciou sua vida acadêmica na área das ciências exatas, migrando em seguida para psicologia, que estuda atualmente. Teve a infância conturbada após perder o pai para o suicídio, tema que se tornou seu foco nos estudos acadêmicos. Foi criado pela avó, que fez o máximo possível para ensinar…
Leia mais Poesias:
Circunda-me gris noite, estou tão só… | Por vezes dói, minh’alma s’esvazia | E lembro hei de tornar-me reles pó | Da vida cuja bruma é primazia…
“Pois bem antes do verbo, houve o grito. | E bem antes do céu, houve a carne. | E bem antes do amor, houve o medo. | E o medo moldou os deuses.”…
Os ossos doem, | Gélidos. | O último abraço | Arrancou-me a pele. | A carne, | Outrora viva, | Longe do corpo | Apodrece…
Engendra a substância de tua bela voz, | Lendo teu poema épico da batalha, | Donde os Titãs, jogados na fornalha | Do poder divino. Oh! Força algoz!…
Na antiga Mesopotâmia, o caos foi teu primor, | Geraste o céu, a terra e os dragões, | Em águas profundas pulsava teu fulgor, | Semente eterna de revoluções…
Belos são teus olhos sem vida, | tua pele, teus lábios e tuas maçãs do rosto. | Belo é o sangue que escorre lento | por essa carne que tanto amo…
Ó! Santo és Tu, luz de puro amor | Bendito sejas! Almo e grã mentor | Acima da ignorância que atormenta; | Envolve-me em esmero e me orienta…
Era o cão que latia, | a Lua enegrecida que reinava… | A fuligem de fogueira sacra a subir, | Enodia atravessando o bosque na madrugada, | fria, atenta, armada,…
Assim fragmentar-me e à tez sentir, | Aroma, calidez, silêncio a sós… | Desvelo uma clareira do existir | Às cordas d’este tempo em rijos nós…
Enquanto no convés observava | Revolto o mar estranho parecia, | A negra tempestade se agravava, | Um som horripilante s’espargia…
Eu não fui, desde a tenra e pura infância | Tal como eram todos — nem ganância | Tive símil — sequer vi como viam — | E as paixões que estimei não podiam…
Nas horas nebulosas, de enfadonhos | Momentos, a tristura estando alta, | Tristonhos ficam mais os pensamentos | Que tenho, ao lembrar que dei as costas…
Nas grotas d’uma lôbrega passagem, | A balça gris e sôfrega, que à vista, | Ornava em medo fúnebre a viagem | Aos versos d’um plangente sonurista;…
Já houve dias de calmaria, dias de tempestade. Já houve uma época que eu nem navegava. Por que raios fui me enfiar neste mar?…
De modo sensível e vago | Protejo em meu peito, dorido, | Um lírio tão pulcro e um lago | Com águas de morte, contido, | Ao lado de incerto amargor…
Nas auroras d’outros tempos santos | Ó, meu fado! Amei, amei por tantos | Tão sombrio recôndito n’este mundo; | Era belo e habitava em solidão,…
Um beijo sepulcral na testa dada ao frio | Mais descoberta que a vida fora dos rumores | Um beijo traz imagens das carícias e das dores | Da vida gélida de um alguém sem brio…
No frígido oceano, um coração | Umbroso e azúleo, em trevas olvidado; | Safira de saudade e vastidão, | Cristais salinos, mágoas… insondado…
Como uma ninfa aos céus desobediente, | lançada às sombras frias e penitentes, | a Solidão, um véu de névoa ardente, | mora em um abismo, muda e reticente…
O Sol, um ponto pálido no céu | Azúleo-gris, opaco e tão brumoso; | Pinheiros, névoa negra como um véu… | N’orvalho d’um dilúculo moroso;…
Crê em mim, filho da vergonha | Crê em mim, sou o senhor do inferno | Sombrio e distante como útero materno | São os tempos loucos e ninguém mais sonha…
Saudosa alma silente e melancólica, | Efêmeros ocasos: meu langor… | No onírico resido e quão simbólica | A vida é n’esta gênese do alvor…
Nas águas turbulentas do pensamento eu me abraço, | Recebendo do inconsciente memórias do passado. | Observo o sol ao longe pousando no horizonte…
Corria o sangue feito rio, | Manchado pela ferrugem de um machado amolado. | Era uma dançarina, uma dionisíaca, | Uma sacerdotisa…
Repartir as flores, espanar o mármore… | adornar aquele nome, | ofuscado na poeira. | Dar, ao ontem, um regalo…
2 minutos de leitura
Mais uma foto que meu peito agita… | E tudo o que fazia, agora, estanco. | Imagemxuberante, tão bonita… | De cores vivas (mesmo em preto e branco)…
É o medo de nadar no lago, | e afundar no raso, | e morrer sem ar. | É o medo de inundar o peito, de fôlego e de amor, | E findar no nada, | e, no oco do inferno…
Coragem, amor, | pois a vida é ligeira em inundar o que vem vazio. | Cobre-te de ouro e falsa seda, | protege-te do espinho e perderá, também…
A chama comia papel — desordenada, a mando maior —, | Rasgaram livro na praça, | Devoraram à mocidade, também…

Leonardo Garbossa nasceu em São Paulo, em 1995. Desde jovem é um leitor apaixonado e grande fã das obras romancistas. Sentimentalista por natureza, iniciou sua vida acadêmica na área das ciências exatas, migrando em seguida para psicologia, que estuda atualmente. Teve a infância conturbada após perder o pai para o suicídio, tema que se tornou seu foco nos estudos acadêmicos. Foi criado pela avó, que fez o máximo possível para ensinar a ele a importância da excelência nos estudos e na cultura. Em Dezembro de 2020, percebeu que a escrita poderia ser uma ferramenta adicional à terapia. Desde então, passou a escrever quase diariamente. Após dois anos, e muito trabalho depois, resolveu publicar os melhores textos, todos inspirados em pensamentos, sentimentos e emoções pessoais, para que outras pessoas possam se sentir acolhidas em suas palavras.
Que fosses ente e crer-te eu sempre iria | No alvor rogar-te em puro amor vestal | Que fosses a Verdade, eu saberia | Honrar-te os mandamentos contra o mal;…